Illustration woman picking up litter

Recolher o lixo quando estiver correndo... vale a pena fazer isso?#plogging

O Dia Mundial da Limpeza está em pleno andamento em meados de setembro. Um exército de voluntários estará ocupado recolhendo o lixo. Mas qual é o sentido disso?

Esta atividade, popularizada pelos suecos, é bizarra, mas inventivamente chamada e conhecida como: "plogging". Contração da palavra inglesa "jogging" e do sueco "plocka upp" (pick up), consiste em vestir leggings e tênis e sair para correr com um saco plástico na mão (que funciona com a mesma eficácia na caminhada esportiva ou caminhadas). Encontrou algum lixo no caminho? Dobre os joelhos, levante-se e você estará pronto para seguir em frente! Ou como cuidar de si mesmo E do meio ambiente de uma só vez.

Ecojogging (o outro nome para plogging) surgiu na Escandinávia em meados da década de 2010 e tem se espalhado progressivamente por toda parte. Voluntários de todo o mundo começaram a fazer isso durante eventos esportivos ou apenas durante suas próprias sessões de corrida. Na França, por exemplo, um indivíduo empenhado de Nantes (França) criou um grupo no Facebook chamado RUN Eco Team em 2016. Atualmente conta com 15.000 membros e organiza vários passeios todos os meses. Teve sucesso viral: dezenas de grupos informais se formaram na esteira deste pioneiro, bem compartilhados pelas redes sociais. Mas nem todo mundo está convencido... A atividade irrita algumas pessoas e provoca certo ceticismo: "Por que eu deveria recolher o lixo dos outros se estou tomando cuidado? Você está brincando!", "O quê, correr com um saco plástico cheio de bitucas de cigarro?" ?Não, obrigado!”, ou ainda “Salvar o planeta pegando duas latas de cerveja e três pedaços de papel?

Em essência, o plogging absolve aqueles que poluem de assumirem responsabilidades, impede o prazer de correr e, para piorar, não muda o estado do mundo. o benefício de fazer a atividade. Continua a atrair entusiastas, especialmente entre os jovens. Porque sejamos honestos: é difícil negar que faz sentido e tem impacto. Na verdade, existem até muitos deles…

Um impacto direto no meio ambiente

É modesto, mas real. Uma sessão de plogging é “apenas” a recolha de um pouco de lixo (muitas vezes ainda falamos em quilos) que equivale pura e simplesmente a fazer desaparecer o maior número de microagressões ambientais. Como se este velho saco plástico (com uma vida útil de 450 anos na natureza) não atrapalhasse mais o crescimento de uma pequena árvore à beira da estrada. Esta garrafa plástica de cola (100 a 1000 anos) que não vazará mais doses pequenas, porém letais, de microplásticos na grama (antes de serem levadas pela água da chuva em direção... ao oceano). Ou mesmo essa bituca de cigarro (1 a 2 anos) não vai parar no estômago de um pássaro. Quando você para para pensar, é difícil encontrar uma lei ambiental mais eficaz… É matemático: cada lixo recolhido é um pedaço de poluição a menos e um ambiente mais saudável do que há um minuto.

Um impacto social

A recolha de resíduos em espaços públicos… pode ser vista. O que é uma boa coisa! Quanto mais pessoas virem, maior será o impacto. Plogging tem benefícios educacionais reais. É uma forma de dar o exemplo aos outros, inspirando-os e mandando uma mensagem para aqueles que se sentem menos preocupados com o assunto. No fundo, trata-se de prevenção: ver alguém suando (literalmente!) ao catar lixo, obviamente, faz você pensar… Quem estiver observando vai pensar duas vezes antes de jogar no caminho uma lata de coca-cola, um filme plástico ou um cigarro velho. Pode até tentá-los a tentar…

Um impacto político

Sejamos honestos… sim, recolher o lixo dos outros é uma declaração política! É uma forma de agir para um bem maior e de nos comprometermos pessoalmente numa luta que nos diz respeito a todos: limitar a crise climática e ambiental. Pequenos gestos às vezes levam a grandes impactos: que, por exemplo, interrompem o que os especialistas chamam de “triângulo da inação”. Este diagrama, popularizado por Pierre Peyretou, professor de economia de baixo carbono, mostra como cada um dos três elementos que o compõem (pessoas – empresa – autoridades públicas) joga o jogo da culpa quando se trata de combater as alterações climáticas. “Por que deveria eu separar meus resíduos quando as multinacionais poluem em massa?”, questiona o indivíduo. “O Estado quer que tornemos os nossos processos mais verdes, mas o que está realmente a fazer?”, reclamam as empresas. “Cabe às pessoas enfrentar as questões, é tudo o que pedimos”, diz este último, transferindo a culpa. Consequentemente, ninguém cede e o desastre aumenta lentamente. Às vezes, basta dar um pequeno passo como este de que falamos para quebrar este círculo vicioso.

Um impacto pessoal

A crise climática deixou alguns de nós paralisados ​​ou deprimidos, confrontados com a escala do esforço necessário. Há tanta coisa para fazer que às vezes pensamos… por onde começar? Plogging fornece (entre muitos outros) uma resposta a esta pergunta. Os psicólogos explicam, aliás, que pequenas ações desse tipo são o melhor remédio para lidar com o crescente fenômeno da ecoansiedade, as emoções negativas geradas pelo espetáculo deprimente de um planeta próximo da exaustão.
O plogging é acessível a todos e em qualquer lugar (praias, montanhas, parques, campos…), permitindo-lhe terminar uma corrida com pernas pesadas mas mais alegres.
A iniciativa é uma forma poderosa de fazer com que as pessoas se relacionem. Os eventos organizados em torno do plogging reúnem uma comunidade de pessoas entusiasmadas e felizes em passar tempo juntas com um senso de propósito comum. A ideia não é ficar preso a uma tarefa... mas sim divertir-se juntos fazendo algo útil.

Picture kids picking plastics

E o DECATHLON?

Um evento anual destaca a atividade: é o Dia Mundial da Limpeza. É também uma oportunidade para a DECATHLON oferecer atividades que partem das suas lojas.

Em 2022, com a criação de uma rede internacional dedicada ao tema, as equipes conseguiram realizar 1.453 ecoeventos em 45 países, organizados por 912 sites diferentes, sensibilizando quase 45 mil pessoas.

Não me interpretem mal: sabemos que o plogging por si só não salvará o planeta. Temos que repensar toda a cadeia de produção/recolha de resíduos. Menos embalagens, menos plástico, mais triagem, maior sensibilização, etc. Temos que atacar por todos os lados. Mas um não exclui o outro, e exercitar as pernas e ao mesmo tempo fazer bem ao meio ambiente é, em última análise, uma excelente e maravilhosa ideia. Então... pronto para tentar?