Estamos exagerando na redução da pegada de carbono? Vamos analisar
É preciso reconhecer que focar esforços no carbono traz muitas vantagens: a comunidade científica já possui dados e ferramentas para agir nesse aspecto, e as consequências de nossas ações são relativamente fáceis de medir. Bem, não exatamente fáceis... mas o carbono possui métricas e métodos que permitem avaliar os resultados das medidas adotadas. Por isso, empresas e governos naturalmente concentraram esforços nessa questão.
No entanto, há um lado negativo. Ao concentrar muitos recursos, tempo e energia na questão do carbono, corre-se o risco de negligenciar outros limites planetários, igualmente vitais. Como todas essas questões estão interligadas, atuar em uma delas afeta as outras, algumas vezes de forma prejudicial.
Isso é o que chamamos de "impacto de transferência". Um exemplo é a descarbonização da nossa cadeia de suprimentos. Aumentar a participação de energias renováveis na nossa matriz energética parece, à primeira vista, uma ótima maneira de reduzir nosso impacto. Mas se confiarmos apenas em fontes como energia eólica ou hidrelétrica, como a biodiversidade seria afetada? Sim, é uma questão complexa, que exige quantificar, avaliar e medir cada ação.
Outro exemplo é o desenvolvimento de baterias elétricas, especialmente para aumentar a participação de bicicletas elétricas (idealmente como substitutas do carro). Embora essas baterias tenham vantagens em termos de mudança climática, elas podem gerar impactos sociais e ambientais negativos. A extração de metais raros necessários para a fabricação de baterias levanta questões cruciais, como preocupações éticas e ambientais.
O Desafio das Soluções Éticas
Dessa forma, o desafio para a empresa é encontrar soluções éticas. Em seguida, cabe ao consumidor optar por uma ou outra opção de maneira o mais informada possível.